Município da Guarda

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Folha de sala - Cantar de Galo, o espetáculo do Julgamento do Galo

Cultura Cidadania e Participação Informações e Serviços
12/02/2024
leitura do texto

Agora que o galo já ardeu na fogueira. Aqui fica a folha de sala com informação artística sobre o espetaculo "Cantar de Galo" que este ano abrilhantou o desfile e Julgamento do Galo do Entrudo - Aqui há Galo!

JULGAMENTO E MORTE DO GALO

GUARDA FOLIA 2024

CANTAR DE GALO

Criação artística

Gambozinos e Peobardos – Grupo de Teatro da Vela

Dramaturgia e encenação

José Rui Martins

O Julgamento e Morte do Galo que ocorre na cidade da Guarda representa um dos acontecimentos mais genuínos realizados no período do Carnaval em Portugal. Sem samba, lantejoulas e imitações desapropriadas, o acontecimento tem raízes tradicionais no que se realizava há muitos anos em Pousade, tal como é digno de registo o que Cameira Serra/Pires Veiga mencionam na Revista Altitude de Agosto de 1983 como sendo uma das quadras recitadas antes da morte do galo em Valhelhas em 1909, ou seja, há 115 anos:

Este galo é malvado

É gatuno e traiçoeiro

Bate nos outros e foge

E vai cantar p'ró poleiro

Com os anos, conta quem sabe, emigrou de Pousade para o largo da Sé no ano 2001.

Manteve a narrativa e, como toda a tradição, foi -se renovando e absorvendo gradualmente novas penugens de modernidade.

A Folia continua a pugnar por ser um momento de purga dos males que afetam a humanidade, libertando-a metaforicamente das situações que a atormentam.

A sátira abraça a comicidade e a fantasia, a tolerância, o prazer e a diversão perduram desde o tempo dos Gregos que 'sacrificavam o galo a Escolápio, deus da medicina, esperando assim, segundo a fábula, curar os doentes e, até, ressuscitar os mortos'.

O antigo ritual passou a originar um espetáculo que, na essência, sustenta um guião que incide em temas e situações que, infelizmente, inundam a atualidade.

Uma orquestra substitui a concertina que, antigamente, era tocada a solo, enquanto as acusações eram proferidas.

A cenografia é implantada junto à Sé que guarda memórias e se assume majestosamente um cenário ímpar, entre os muitos dignificam a identidade da cidade. O Largo tem como nome, Luís de Camões, nosso poeta maior, sendo também motivo de celebração singela os 500 anos do seu nascimento, não fosse ele um audacioso e mordaz autor de textos teatrais e poética incomparáveis:

Não há mal que lhe não venha.

Perdigão perdeu a pena

Não há mal que lhe não venha.

(…)

Quis voar a uma alta torre,

Mas achou-se desasado;

E, vendo-se depenado,

De puro penado morre.

Se a queixumes se socorre,

Lança no fogo mais lenha:

Não há mal que lhe não venha...

Neste 'Cantar de Galo', o espaço cénico irá hospedar outros espaços arquitetónicos icónicos populares que simbolicamente evocam a riqueza patrimonial da cidade com a atividade das suas gentes.

Os Gambozinos e Peobardos - Grupo de Teatro da Vela são os sonhadores que, nesta edição, irão ser guardiões de uma memória viva, conjugando o seu empenho e dedicação às freguesias que enriquecem o desfile com o seu desempenho singular.

Afinal, é a participação comunitária que confere à criação artística um sentido de partilha genuíno e a vivência de momentos coletivos apaixonantes e sempre inigualáveis.

Em 2024, deseja-se que o público entoe o Hino do Galaró 2024, música e letra original que certificará o seu amor pela sua terra:

Termos cá um galo para julgar

Muita folia

As nossas mágoas vão minguar

A tradição

Nunca irá desaparecer

Aqui na Guarda

Carnaval é ver para querer

Não há grinaldas

Tem um paladar genuíno!

É Carnaval

P'rá menina e p'ró menino

São cinco efes

Que encantam quem cá vem

É forte e farta

Fria, fiel e formosa

São cinco efes

Que encantam quem cá vem

Gente rochosa

Com orgulho no que tem

Aqui o samba

Sabe a queijo da serra

Viva a Folia!

Com um bom tinto e uma morcela

Um hino à paz

Torna o Carnaval mais nobre

E o julgamento

Culpa o algoz, protege o pobre

Faz meio século

Dum Abril que é unidade

E o Carnaval

É também fraternidade

São cinco efes

Que encantam quem cá vem

É forte e farta

Fria, fiel e formosa

São cinco efes

Que encantam quem cá vem

Gente rochosa

Com orgulho no que tem

Imagem: Folha de sala - Cantar de Galo, o espetáculo do Julgamento do Galo