A Câmara Municipal da Guarda vai retomar a valorização ambiental dos rios Diz e Noéme, depois de ter eliminado o principal foco de poluição que se mantinha há 24 anos. A autarquia deu cumprimento a uma ordem do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu e procedeu recentemente ao tamponamento de um coletor de águas residuais que estava a contaminar a água.
A medida foi anunciada na sexta-feira, dia 31 de janeiro, pelo presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, durante uma jornada de trabalho conjunta com os municípios de Celorico da Beira e de Manteigas e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dedicada às empreitadas de recuperação de linhas de água afetadas pelos incêndios de 2022.
O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, considera que estão reunidas as condições para ser retomado o trabalho iniciado há uns anos para descontaminar aqueles cursos de água do concelho da Guarda. 'Esperemos que no mais curto espaço de tempo possamos ter um rio completamente limpo e despoluído para poder ser fruído por todos nós', sustenta Sérgio Costa. O presidente da Câmara assinalou que a água já está a ser monitorizada e que vai ser feito um projeto adequado para candidatar aos fundos comunitários e fazer a devida recuperação daquelas linhas de água do concelho da Guarda.
Para o presidente da APA, Pimenta Machado, esta é uma boa notícia porque põe cobro a muitos anos de passivo ambiental e marca o início de uma nova vida dos Rios Noéme e Diz, ressalvando ser necessário continuar vigilantes. Pimenta Machado destacou que o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR irá ter um 'papel importante' para fiscalizar estes cursos de água. 'É preciso manter esta pressão positiva em torno do rio Diz e do rio Noéme', defendeu.
A jornada de trabalho conjunta dedicada às empreitadas nas linhas de água afetadas pelos incêndios de 2022 incluiu visitas às margens dos rios Zêzere e Mondego. As intervenções visam minimizar os danos provocados pelos incêndios para garantir o escoamento das linhas de águas, o combate à erosão, o arrastamento dos solos e prevenir cheias e inundações. A iniciativa contou também com a presença dos presidentes de Câmara de Manteigas e Celorico da Beira e dos representantes das Administrações das Regiões Hidrográficas do Centro, Norte e Tejo Oeste.
O périplo teve início com a visita às intervenções que estão a decorrer no rio Zêzere abrangendo os concelhos da Guarda e de Manteigas. Estima-se um investimento entre 1,2 a 1,5 milhões de euros. O objetivo é criar um corredor ecológico aproximando as populações aquela linha de água e adotar medidas para fazer face aos problemas de erosão e espécies invasoras. A intervenção no Rio Zêzere estende-se por 25 quilómetros, com 17 quilómetros no concelho de Manteigas e 7,5 quilómetros no concelho da Guarda. O projeto conjunto prevê a criação de trilhos ecológicos ao longo das margens conciliando a conservação da natureza e o turismo sustentável. A comitiva deslocou-se à Barroca do Passal e Ribeiro do Vale de Sameiro, no concelho de Manteigas e à Praia Fluvial de Valhelhas, no concelho da Guarda. Ainda nas margens do Rio Zêzere visitaram o Laboratório dos Rios, instalado nas margens da Ribeira de Famalicão, onde estão aplicadas as várias técnicas de engenharia natural que vão ser replicadas noutros cursos de água.
O presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Flávio Massano, evidenciou a mais valia da parceria entre os municípios, que apresenta resultados muito positivos para todos os que vivem no território e que realçou que a valorização das margens do rio Zêzere é essencial para a preservação dos ecossistemas ribeirinhos, para a qualidade da água e a sustentabilidade ambiental.
No Rio Mondego, a intervenção que abrange os Municípios da Guarda e de Celorico da Beira, visa a valorização das margens com a criação de zonas de lazer, melhoria da estrutura arbórea, manutenção do bosque e contenção das espécies invasoras num total de 51 quilómetros. O investimento deverá rondar os 2,5 milhões de euros. A comitiva visitou a Quinta da Taberna e Praia Fluvial, em Videmonte, a Barragem do Caldeirão e a Praia Fluvial de Aldeia Viçosa.
O presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira, Carlos Ascensão, salientou a importância da parceria entre os dois municípios para a valorização ambiental do Rio Mondego, lembrando também as dificuldades que o seu concelho enfrenta em termos de água.
Para o presidente da Câmara da Guarda esta é uma excelente parceria entre os municípios, um exemplo de coesão territorial, que vai requalificar os cursos de água do território, mas também aproximar as populações dos rios. Sérgio Costa destacou as boas práticas que estão a ser aplicadas nas empreitadas em curso ou já concluídas, defendendo que devem ser replicadas noutras zonas do território.
O presidente da APA destacou a importância dos projetos para preparar os territórios para futuras situações. Pimenta Machado assinalou que a parceria entre os municípios 'dá uma boa imagem ao país'.