O espetáculo, que encerrou a programação de Natal da Câmara da Guarda, teve a conceção e coordenação do percussionista BitOcas Fernandes e contou ainda com Henrique Fernandes na criação de objetos sonoros e manipulação; Bruno Miguel nos mecanismos e Rosa Martins nos figurinos. As Janeiras é um ritual de anúncio de nascimento. Desta vez anunciou-se o nascimento de um ser coletivo imaginado, construído e animado; um bem maior e comunitário; o resultado de uma viagem criativa nem sempre fácil como todas as boas viagens. Numa relação entre personagens humanas e mecânicas, o espetáculo fez referência metafórica aos tempos de hoje, à renovada importância que damos aos objetos e à sua múltipla funcionalidade e, ainda mais relevante, à importância das relações interpessoais. Da mesma forma o ato de cantar foi também revisto e fragmentado em múltiplas formas de sentir o ritmo e a cadência, o caos e a harmonia, o sincronismo e a comunicação, a complexidade provocadora e a simplicidade frágil e bela. Esta “viagem” iniciou-se com um plenário criativo, onde todos contribuíram e culminou no guião final cheio de peripécias e de múltiplas leituras. Mas, como acontece neste tipo de experiências, o percurso feito, ora atribulado ora cheio de descobertas, é o que mais marca o grupo de participantes. Por isso este espetáculo é, também, uma homenagem à viagem tortuosa que Maria e José fizeram. Hoje cantam-se as Janeiras de porta em porta à procura do outro e celebrando essa viagem. A bilheteira de “Ó da Casa” reverteu a favor do Centro de Dia Nós por Eles e, na mesma sessão, foi entregue o prémio da melhor montra de Natal 2016. A Artwood foi a vencedora, ganhou 1000 euros.