Uma exposição, um recital, um documentário, uma conferência e um colóquio são as iniciativas que a BMEL se propõe realizar durante o mês de março para evocar a intensa e carismática poetisa, Natália Correia.
Para o efeito, a biblioteca trará à Guarda personalidades que conviveram com a escritora ou conhecedoras da sua obra, como é o caso da arquiteta Helena Roseta, do romancista, dramaturgo e jornalista, Fernando Dacosta, ou da atriz Elisabete Piecho.
Natália Correia nasceu nos Açores em 1923, a sua obra estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Foi fundadora da Frente Nacional para a Defesa da Cultura, interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos da mulher. Tendo tido um papel ativo na oposição ao Estado Novo, apelou sempre à literatura como forma de intervenção na sociedade. Ficou conhecida pela sua personalidade polémica e vigorosa, a qual se reflete na sua escrita.
O programa dedicado à poetisa inicia a 5 de março com a exposição “Natália Correia: a feiticeira cotovia”. Uma mostra, a visitar até ao dia 31, organizada em vários núcleos temáticos, que permite conhecer a produção literária da poetisa, nas suas diferentes variantes, bem como a sua ação cívica, o seu empenhamento, não só em várias causas humanitárias como na denúncia de regimes autoritários, e a sua entrega na defesa da liberdade, da causa feminina, do património nacional e da paz mundial.
Já no dia 8, pelas 21h30, a atriz Elisabete Piecho dá voz a poesias selecionadas da obra “Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica” de Natália Correia. A escolha dos textos deste pequeno recital, “E o verbo fez-se carne”, reflete o gosto pessoal da “diseuse”, cujo intuito é partilhar com pequenas audiências momentos de humor e momentos de sensualidade, sem outra preocupação que não o prazer de dizer e o prazer de escutar.
O ciclo prossegue no dia 13, às 18h00, com o documentário “A senhora da rosa (Natália Correia)”, de Teresa Tomé. Um documentário que nos leva ao encontro de Natália Correia, seguindo um caminho que ela própria traçou – “A partir de agora, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão -.”
“Natália Correia, um ser que veio do futuro” é o tema que Fernando Dacosta escolheu para uma conferência sobre a escritora, dia 16 às 18h00.
Segundo Fernando Dacosta, “Natália Correia tornou-se uma referência de intervenção pública que ganha, 25 anos depois do falecimento, atualidade crescente. De pensamento e ideias avançadíssimas, ela foi com Fernando Pessoa e Agostinho da Silva das vozes mais ousadas (futuristas) do século XX português.”
Por fim, Helena Roseta traz-nos o seu testemunho sobre Natália Correia, como testamenteira do espólio literário e artístico e como amiga e atenta leitora e admiradora da poetisa. Trata-se do colóquio “Natália Correia – um itinerário interior”, para assistir dia 21, às 18h00, na Sala Tempo e Poesia.
Para além do destaque do mês, e no que respeita à restante programação, a Biblioteca Municipal apresenta, no dia 10 (16h00), o livro “Arte de falar e arte de estar calado: Augusto de Castro - jornalismo e diplomacia”, de Clara Isabel Serrano. Uma obra que propõe uma viagem pela vida de Augusto de Castro, figura marcante da vida diplomática, política e cultural do século XX português, que acompanhou de perto as principais mudanças vivenciadas pelo país e que privou com alguns dos principais atores políticos, económicos e culturais da cena nacional e internacional do seu tempo.
Clara Isabel Serrano é natural da Guarda. Doutorada em História Contemporânea e Estudos Internacionais Comparativos e investigadora integrada do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20). A apresentação do livro estará a cargo de Mário Matos e Lemos.
Dia 17 (14h30, 16h e 17h30), o Teatro do Calafrio apresenta “Nada é o que já foi - contos e lendas da Amazónia” – narração oral | teatro de objetos – uma criação e interpretação de Luciano Amarelo. A Amazónia é tão grande em tamanho e tão rica em variedade de espécies quanto em histórias nascidas nas mais diferentes culturas. São histórias sobre pessoas, bichos, plantas, rios e estrelas, em que tudo se explica por meio de algum encantamento, que nos mostram um pouco do universo inesgotável da mitologia amazónica. Histórias que se contam com a ajuda de pequenos objetos, sombras e imagens.
Já dia 24, das 14h30 às 16.30h, Leonor Hungria (Casa da Animação), orienta a oficina “Cadáveres esquisitos”. Um “workshop” que tem como objetivo a impressão de composições artísticas que representem o imaginário de cada um, munindo ao mesmo tempo os participantes de conhecimentos básicos sobre algumas técnicas de impressão simples e muito produtivas.
“Almaraz e outras coisas más” é o título do livro a ser apresentado no dia 27, pelas 18h00. Uma obra coordenada por António Eloy, que reúne mais de 30 colaborações e é um marco na história da nuclear. Da luta, ambiental, social, económica e política contra essa energia, que malvada as nossas sociedades e cuja história assenta num erro de Einstein, como ele próprio reconheceu, que é a bomba, que está na sua origem. E também das alternativas, sociais, ambientais, económicas e políticas que lhe fazem frente”.
A programação da BMEL termina a 29 de março, pelas 18h00, com mais uma edição de “Guarda: a memória”, este mês, dedicada a “Histórias e historietas da nossa Guarda dos anos 70 por quem as viveu ou as conhece”, por João Trindade Nave. Uma tertúlia que permitirá uma revisitação dos espaços, das expressões, dos movimentos, dos objetos, dos edifícios e das vivências das gentes da cidade.