Importa, em tempos de dificuldades e de reacendimento de intransigências entre nações e de antissemitismo, eleger a História e a cidade da Guarda para ponto de encontro e diálogo(s) dos investigadores que se interessam pelo conhecimento do passado sefardita olhado, no contexto do VI Colóquio Internacional Diálogos Luso-Sefarditas (Guarda, 28 e 29 de novembro de 2024), mais particularmente pelas suas heranças lusitanas, mas também no quadro da mundialização que se abriu no outono da Idade Média e no desvelar da Época Moderna. Dando continuidade aos Colóquios Internacionais anteriormente celebrados em Coimbra (2017), Aveiro (2019), Leiria (2021), Tomar (2022) e Castelo de Vide (2023), este novo encontro abre-se à partilha e renovação do conhecimento e da investigação sobre o passado e as heranças culturais das populações e sociedade sefarditas nos espaços luso-ibéricos, atlânticos e mediterrânicos, assim como nos demais continentes tocados pela diáspora judaica.
Aberto a investigadores de todas as gerações, o VI Colóquio Internacional Diálogos Luso-Sefarditas, numa organização conjunta da Câmara Municipal da Guarda, Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, Centro de Línguas, Literaturas e Culturas, da Universidade de Aveiro, e da Cátedra de Estudos Sefarditas, da Universidade de Lisboa, em formato presencial, mas com transmissão à distância, oferece um conjunto significativo de conferências, asseguradas por reputados especialistas portugueses e estrangeiros, abrindo-se e apelando à apresentação de comunicações e atividades científicas e/ou projetos culturais livres, no âmbito das problemáticas sefarditas, mediante submissão, sujeita a aprovação pela comissão científica do evento, das respetivas propostas.
Todos quantos desejem propor uma comunicação, cuja apresentação será presencial e com um tempo de exposição de 15 minutos, deverão submeter o respetivo título, com um breve resumo do teor da comunicação, e alguns elementos essenciais de identificação curricular científica ou académica, na página web do VI Colóquio Internacional Diálogos Luso-Sefarditas, recorrendo ao seguinte link: https://www.mun-guarda.pt/vi-coloquio-internacional-luso-sefarditas/.
E-mail: VIDLusoSefarditas@mun-guarda.pt
Dia: 28.11.2024
Dia: 29.11.2024
Bruno Feitler
Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP/ CNPq, Brasil
“Os inquisidores portugueses e os processos por judaísmo: paradigmas e práticas judiciais (1536-1821)”
Carolina Henriques Pereira
CHSC, Universidade de Coimbra
“O quotidiano breve: refugiados judeus na fronteira de Vilar Formoso (1940)” / “The Brief Daily Life: Jewish Refugees at the Vilar Formoso Border (1940)”
Cristóbal José Álvarez López
Universidad Pablo de Olavide, Sevilla, Espanha
“Savesh kualo es…? Un pasatiempo sobre léxico judeoespañol en la revista”
Daniel Martins
Investigador local
Ignacio Chuecas Saldías
Universidad Finis Terrae, Santiago de Chile
“A implicância de “ser” judeu num mundo em mudança”
James W. Nelson Novoa
University of Ottawa, Canadá; Universidad Complutense de Madrid
“A segunda vida de Antonio Pinto, um novo diplomata cristão-novo” / “The Second Life of a New Christian Diplomat Antonio Pinto”
Maria Antonieta Garcia
Universidade da Beira Interior
“Ana dos Rios, na Inquisição – Um livro e a fogueira”
Maria José Ferro Tavares
Universidade Aberta; FCSH, Universidade Nova de Lisboa
“Homens de negócio. Redes familiares: ascensão e queda”
Myriam Silvera
Università degli Studi di Roma Tor Vergata, Itália
“La figura di Melchisedek nella lettura di Saul Levi Mortera”
Sergio Fernández López
Departamento de Filología, Universidad de Huelva, Espanha
“El ejercicio del poder: cristianos contra judíos y judíos contra conversos. Los orígenes familiares de los poetas fray Luis de León y Pedro Mudarra”
Shai Zamir
Harper-Schmidt Fellow and Collegiate Assistant Professor in the Social Sciences at the University of Chicago, EUA
“Failed Conversion between Rome and Peru”
Tiago Ramos
Arqueólogo CMG
Dia 28 de novembro
Hora | Atividade |
---|---|
09h15 - 09h45 | Saudação aos participantes Presidente da Câmara Municipal da Guarda Sérgio Costa e Presidente da Associação Rede Judiarias de Portugal António Manuel Pita |
09h45 - 10h15 | Conf. abertura: Bruno Feitler |
10h15 - 10h45 | Cristóbal José Álvarez López |
10h45 - 11h00 | Intervalo |
11h00 - 11h30 | James Novoa |
11h30 - 12h00 | Shai Zamir |
13h00 - | Almoço |
14h30 - 15h00 | Maria José Ferro Tavares |
15h00 - 15h30 | Myriam Silvera |
15h30 - 16h00 | Sergio Férnandez |
16h00 - 16h30 | Intervalo |
16h30 - 18h30 | Comunicações livres |
Dia 29 de novembro
Hora | Atividade |
---|---|
09h00 - 09h30 | Ignacio Chuecas |
09h30 - 10h00 | Carolina Henriques |
10h00 - 10h30 | Antonieta Garcia |
10h30 - 11h00 | Intervalo |
11h00 - 11h30 | Tiago Ramos e Daniel Martins |
11h30 - 12h00 | Apresentação de obras literárias |
12h00 - | Conclusões e encerramento |
12h30 - | Almoço |
15h00 - | Visita à Judiaria e ao Museu da Guarda |
António Manuel Lopes Andrade
CLLC, Universidade de Aveiro
Bruno Miguel Duarte Faustino
IEM - Universidade Nova de Lisboa
Maria de Fátima Reis
CESAB, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Saul António Gomes
CHSC, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Salete dos santos Martins Pinto
Museu da Guarda - CMG
Asunción Blasco Martínez
Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Zaragoza, Espanha
Bruno Feitler
Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP/ CNPq, Brasil
Carsten Wilker
Departments of History and Medieval Studies of Central European University, Vienna, Áustria
Claude B. Stuczynski
Department of General History, Bar-Ilan University, Ramat-Gan, Israel
Elvira Cunha de Azevedo Mea
CITCEM, Universidade do Porto
Enrique Cantera Montenegro
Departamento de Historia Medieval de la Universidad Nacional de Educación a Distancia, Espanha
Fernanda Olival
CIDEHUS, Universidade de Évora
Ignacio Chuecas Saldías
Universidad Finis Terrae, Santiago de Chile
José Pedro Paiva
Centro de História da Sociedade e da Cultura, Universidade de Coimbra
Maria de Fátima Reis
Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste, Universidade de Lisboa
Maria Manuel Baptista
Centro de Línguas, Literaturas e Culturas, Universidade de Aveiro
Sérgio Costa
Presidente da Câmara Municipal da Guarda
Monique Marcos de Benveniste
Mecenas da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste da Universidade de Lisboa
Em representação da Família Benveniste
Joaquim Manuel Fernandes Brigas
Presidente do Politécnico da Guarda
José António Carvalho
Diretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque
Tiago Tadeu
Diretor do Agrupamento de Escolas da Sé
Augusta Galante
Diretora da Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca
Levi Coelho
Diretor do Arquivo Distrital da Guarda
Manuela Mendonça
Presidente da Academia Portuguesa da História
Maria Helena da Cruz Coelho
Presidente da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais
Pedro Diogo
Presidente da Comunidade Judaica de Belmonte
António Manuel Pita
Presidente da Associação Rede Judiarias de Portugal
(Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide)
Rabino Eliahu Shefer
Dulce Helena Borges
Título: “Os judeus na Península Ibérica durante o domínio visigodo (685-711)”
Resumo: A partir de 685, após a anexação do reino suevo, por parte dos visigodos, a Península Ibérica ficaria sob o quase total domínio visigótico até ao início do séc. VIII, ou seja, até às invasões muçulmanas da Península (iniciadas em 711). É, justamente, este o período cronológico que serve de referência ao tema aqui apresentado. Abordaremos a questão da presença judaica no território peninsular e o quadro das relações com o povo dominante ao longo deste ciclo temporal, bem como a interação societal com os cultores de outros credos, mormente do islão, igualmente minoritários no contexto da população global. Para tal utilizaremos, essencialmente, a legislação produzida nessa época, quer a emanada dos Concílios (caso dos III e IV concílios de Toledo) mas também as diversas compilações legislativas produzidas pelos visigodos.
Nota biográfica: Aires Gomes Fernandes é licenciado em História pela Universidade de Coimbra (1999), mestre em História Medieval e do Renascimento pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2004) e doutor em História Medieval, pela Universidade de Coimbra (2012). As suas investigações têm-se centrado na história religiosa e social, na história militar, na história local e na genealogia. É, atualmente, Professor Auxiliar Convidado na Universidade de Coimbra, onde, presentemente, leciona a Unidade Curricular de História da Península Ibérica (séculos V a XI).
Título: “O Mosteiro de Alcobaça e os Judeus em tempos medievais”
Resumo: Muito embora situada no coração de um espaço plenamente rural, a abadia de Alcobaça não deixou de estender, nos séculos medievais, o seu património e interesses mercantis aos centros urbanos, sobretudo os da antiga Estremadura portuguesa, com especial destaque para vilas e cidades como Lisboa, Santarém, Torres Vedras, Óbidos ou Leiria, na quais existiam prósperas comunidades judaicas. A documentação permite ver judeus desses lugares a aforarem prédios urbanos da abadia cisterciense, a intermediarem a venda de produtos têxteis e outros aos religiosos alcobacenses, a emprestarem dinheiro aos seus abades ou, até, a exercerem funções de rendeiros das celeirarias do mosteiro nesses centros urbanos. Os monges de Alcobaça, por outro lado, mostraram-se interessados por assuntos teológicos judaicos e parece ter assumido alguma predisposição no capo do proselitismo religioso junto dos Judeus, como se demonstra, por exemplo, pelo tratado Speculum disputationis contra Hebraeos, de cerca de 1340, atribuído a Fr. João de Alcobaça. É possível admitir, ainda, a conversão de alguns judeus ao Cristianismo por influência dos cistercienses portugueses, como poderá ter sido o caso de Frater Dominus Suariz Ebreus, religioso do claustro alcobacense por 1200. A comunicação que se propõe procura, pois, refletir sobre os temas expostos, focando o interesse da história dos monges de Cister e de Alcobaça para se aprofundar o conhecimento do passado judaico no território português.
Nota biográfica: Saul António Gomes é docente do Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Integra o Centro de História da Sociedade e da Cultura, da mesma Universidade, e colabora com o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa. É membro correspondente da Academia Portuguesa da História e membro da Comissão Internacional de Diplomática (Paris). Integra, desde a primeira hora, a organização dos Colóquios Internacionais Diálogos Luso-Sefarditas. Publicou alguns estudos sobre o passado sefardita, medieval e moderno, em Portugal.
Título: “A Judiaria de Portalegre: a comunidade e as (Con)vivências na Raia Alentejana”
Resumo: A Judiaria de Portalegre, entre 1441 e 1497, foi uma comunidade florescente no Alto Alentejo, composta sobretudo por famílias de artesãos e comerciantes. Esta comunicação procura abordar a comunidade e a sua vida económica, destacando os seus privilégios e as relações complexas com a maioria cristã. Explora-se também o papel da judiaria como refúgio para judeus expulsos de Castela em 1492, além de se discutir o problema da localização histórica da sinagoga. Propõe-se, pois, contribuir para enriquecer o conhecimento sobre a história judaica em Portugal, com foco na fronteira alentejana.
Nota Biográfica: Natural de Portalegre, é licenciada em História da Arte, com menor em Arqueologia, e frequenta atualmente o Mestrado em História da Idade Média na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Tem especial interesse no estudo da região alentejana e do povo islâmico, temáticas que explorou em trabalhos de seminário. O tema da sua dissertação centra-se na Judiaria Nova de Coimbra no século XV, abordando as dinâmicas sociais e culturais desta comunidade na transição para a Modernidade.
Título: “O debate sobre as propriedades do unicórnio entre os médicos portugueses: a carta médica de Jorge Godines a Francisco Godines”
Resumo: O médico Jorge Godines endereça uma interessante carta médica a Francisco Godines, professor de medicina da Universidade de Lisboa, dando conta da polémica crescente, entre os médicos portugueses e estrangeiros, sobre os efeitos terapêuticos do unicórnio. A epistola medicinalis comprova como este tema estava na ordem do dia, em Portugal, nas primeiras décadas de Quinhentos e motivava acesa discussão na academia, entre os membros da comunidade médica. A partir da análise da carta, pretende-se traçar uma panorâmica sobre a génese de uma polémica que atravessaria os séculos XVI e XVII e dividiria os grandes médicos europeus entre os que afirmavam (e.g. Amato Lusitano, Andrea Bacci), os que negavam (e. g. Pierre Belon, Andrea Marini) e os que não estavam seguros (e. g. Conrad Gesner, Garcia de Orta) acerca das propriedades medicinais do unicórnio.
Nota biográfica: António Manuel Lopes Andrade é doutor em Literatura pela Universidade de Aveiro, sendo professor associado com agregação no Departamento de Línguas e Culturas, na área de Estudos Clássicos e Portugueses, leccionando disciplinas no domínio das Línguas e Literaturas Latina e Portuguesa, da História das Ciências e da História do Livro. Na qualidade de membro integrado do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro, onde coordena o subgrupo “Humanismo, Diáspora e Ciência”, tem vindo a desenvolver a sua investigação no âmbito do Humanismo Renascentista Português, da Literatura Novilatina, da História dos Judeus Portugueses e da História das Ciências, sendo autor de diversas publicações nestas áreas. É membro da Comissão Científica da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste, sendo também editor associado da revista Ágora. Estudos Clássicos em Debate e membro da equipa de projetos de investigação nacionais e internacionais.
Emília M. Rocha de Oliveira é licenciada em Ensino de Português, Latim e Grego, pela Universidade de Aveiro, e doutorada em Literatura, pela mesma instituição, com uma tese sobre a epistolografia ciceroniana. Actualmente exerce funções como investigadora doutorada do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro, desenvolvendo a sua actividade nas áreas das Línguas e Literaturas Latina e Portuguesa, do Humanismo Renascentista Português e da História das Ciências. Tem integrado projectos de investigação centrados no estudo e tradução da obra de médicos portugueses de Quinhentos, como Amato Lusitano, Garcia Lopes e Rodrigo de Castro. Paralelamente, colabora com o Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro na leccionação de unidades curriculares das Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa.
Título: “Cristãs-novs portuguesas em Goa: entre a repressão e a construção de sociabilidades”
Resumo: Nos primeiros anos do seu funcionamento, a Inquisição de Goa perseguiu activamente alguns dos grupos de cristãos-novos que se estabeleceram no Estado da Índia. Dentro dos processados encontram-se várias mulheres cristãs-novas. Analisando a documentação inquisitorial do tribunal de Goa, sobretudo as cópias que ainda se conservam dos processos inquisitoriais, procuraremos perceber algumas das dinâmicas repressivas do tribunal nas décadas de 60 e 70 do século XVI. Por outro lado, através da leitura de testemunhos e confissões presentes nos processos, traçaremos alguns dos principais eixos que constituem as sociabilidades femininas das cristãs-novas de Goa ao longo do século XVI.
Nota Biográfica: Investigadora da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do CIDEHUS da Universidade de Évora. É co-autora do livro Lisboa, 19 de abril de 1506. O Massacre dos Judeus (Lisboa, 2007). Coordenou, com Carla Vieira, o livro “Mendes Benveniste. Uma família sefardita nos alvores da modernidade” (Lisboa, 2016). Com Jaqueline Vassallo e Miguel Rodrigues Lourenço publicou “Inquisiciones: Dimensiones Comparadas (siglos XVI-XIX)” (Córdoba, 2017), entre outras publicações. É membro do grupo internacional de investigação História das Inquisições. Faz parte da comissão editorial da revista Cadernos de Estudos Sefarditas. A sua área de investigação principal centra-se no impacto da conversão forçada nas primeiras gerações de cristãos-novos, bem como nas dinâmicas da Diáspora Sefardita no século XVI.
Título: “Singularidades da Archipathologia (1614): o(s) lugar(es) da infância no magnum opus do médico luso-sefardita Filipe de Montalto”
Resumo: Filipe de Montalto (Castelo Branco, 1567 – Tours, 1616), clínico português nascido cristão-novo, apartou-se de Portugal, assombrado pelas perseguições inquisitoriais, e, a um tempo, do cristianismo, ao encontro da sua autêntica devoção. Em 1614, reconhecido como esculápio judeu sefardita e estabelecido em Paris, na corte de Maria de Médicis, Montalto publicou, com privilégio real, a Archipathologia. Nesta que foi a segunda das suas obras médicas e a mais representativa, descreveu e classificou, em dezoito tratados, as afeções da mente, propondo a respetiva terapêutica, inspirado por predecessores e orientado pela própria prática clínica. Depois de perscrutados o(s) lugar(es) do divino e o(s) do feminino, propomo-nos, ora, divisar a(s) forma(s) como a infância surge representada e o(s) lugar(es) que ocupa na Archipathologia de Filipe de Montalto, empresa que confirmou o seu autor como um marco do pensamento iátrico.
Nota biográfica: Joana Mestre Costa é investigadora integrada do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro. Em virtude do seu projeto de Doutoramento, centrado na produção epigramática de Marcial, começou por desenvolver a sua atividade científica no âmbito da Literatura Latina, mormente da que veio a lume no contexto do século I, que permanece como um dos seus interesses de investigação. Paralelamente, a Literatura Científica Portuguesa de Expressão Latina, progénita do labor humanista português, constitui, desde 2010, um dos domínios fundamentais da sua atuação. Integra a equipa de tradução da Archipathologia (1614) de Filipe Montalto, confirmando o propósito de colaborar na fixação da filosofia e da história científico literárias portuguesas.
Título: “Ecos do Santíssimo Milagre de Santarém na literatura antijudaica em Portugal no século XVIII”
Resumo: No contexto de produção da literatura antijudaica que circulou no espaço ibérico ao longo da época moderna, analisa-se a recuperação do ducentista Santíssimo Milagre de Santarém, numa das edições portuguesas da obra Centinella contra judeos, do padre espanhol Francisco de Torrejoncillo. Com várias edições no país vizinho e quatro tiragens em português, com tradução de Pedro Lobo Correia, em 1674, a inserção da história do milagre eucarístico scalabitano, na publicação de 1748, que remete para a acção de uma mulher judia, se prova a secular e oportuna lembrança de uma narrativa contra judeus, como ostenta o título, e, por extensão contra os cristãos-novos, seus descendentes, coloca a questão do responsável por essa inclusão.
Nota Biográfica: Maria de Fátima Reis é Doutora em História Moderna pela Universidade de Lisboa, onde é Professora Associada com Agregação na Faculdade de Letras, investigadora do Centro de História, Directora da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste e Directora dos cursos de Artes e Humanidades e de Estudos Gerais. É Secretária-Geral da Academia Portuguesa da História, Académica Efectiva da Academia de Marinha, Membro Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Membro do Conselho Científico do Centro de Investigação Joaquim Veríssimo Serrão, Membro do Comité Científico da Rede de Cooperação das Rotas Europeias do Imperador Carlos V e Delegada da Fundação para a Ciência e a Tecnologia na Aliança Internacional para a Memória do Holocausto. A sua investigação tem-se centrado na história da assistência, caridade e saúde e na história social das elites e das redes sociais sefarditas.
Título: Garcia de Orta e Camões: A ciência e a poesia imortalizam dois pioneiros
Resumo: Esta comunicação evoca duas figuras grandes do renascimento português, Garcia de Orta, (c.1500-1568), médico, naturalista, castelo-vidense, pioneiro no estudo das plantas tropicais da Índia, descrita nos “Colóquios dos Simples…” tratado quinhentista que revolucionou o conhecimento europeu, com base na observação, na experimentação, onde se incluem os seus colaboradores, mercadores, comprovando Orta, cientificamente sempre todas as informações.
No V Centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões (c.1524-1580) evoca-se a obra do poeta, Os Lusíadas, épico que representa a cultura e as ambições de Portugal no auge do império colonial, a maior epopeia da literatura portuguesa e aclamada como das maiores vozes da literatura épica mundial.
Ambos partilhavam a mesma ânsia de explorar os limites do conhecimento, seja através da observação empírica das plantas, seja através da aventura épica das grandes viagens marítimas do séc. XVI, a natureza, a aventura, a descoberta e outros temas que tocam a alma, presentes na lírica camoniana, através das descrições, da musicalidade das palavras que compõem os sonetos ou a ode “Aquele único exemplo”, que Camões dedica a Garcia, revelando a grandeza da experiência humana.
Pela importância e contributos que ambos trouxeram ao mundo, continua-se a estudar e a celebrar estas duas figuras através das suas obras, que têm sido inspiradoras na divulgação de novos estudos e projetos.
Em 2024, o Grupo de Amigos de Castelo de Vide e Maria Leal da Costa inauguraram a 10 de abril o conjunto escultórico -Herbário de Garcia d’ Orta, foi parceira da Escola Garcia de Orta no projeto do Artista Residente no âmbito do Plano Nacional das Artes, com a criação da figura Garcia de Orta e com a exposição de gravuras evocativa dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, numa perspetiva de cruzamento interdisciplinar, com vista a uma comunidade criativa, crítica e participativa.
Nota Biográfica: Maria do Carmo Lina Fernandes Alexandre nasceu na Beira-Moçambique, 1967.
Mestre em Política Cultural Autárquica- Faculdade de Letras- Universidade de Coimbra (2020-21). "Entre Diálogos – Evocação a Garcia de Orta - Portugal e Goa: construindo pontes para novos diálogos”.
Licenciatura do Curso de Professores de 2ºCiclo, variante português/francês, da Escola Superior de Educação e Ciências sociais de Portalegre (1994/1995);
Curso de Estudos e Formação para Altos Dirigentes da Administração Local-Cefadal (2016).
Pós-graduada em Assuntos Culturais com especialização na Autarquias Locais - FLUC-Centro de Estudos e Formação Autárquica -1997/1999-projeto de estágio na área da comunicação social, implementa o 1º Boletim Municipal da CMCV (1998).
Título: UM CASO DE CRIPTO-JUDAÍSMO NO RIBATEJO NORTE: QUINTA DO SERRADO VALADO, PINHEIRO, SÃO PEDRO DE TOMAR
Resumo: A presente conferência intitulada: “Um caso de cripto-judaísmo no Ribatejo Norte: Quinta do Serrado Valado, Pinheiro, São Pedro de Tomar”, pretende divulgar as recentes descobertas numa casa de habitação que se mantém na mesma família desde os finais do século XVI. O imóvel situa-se nos arredores da Cidade de Tomar, no centro de Portugal, onde existiu uma importante comunidade Judaica. Serão apresentados alguns estudos históricos e arqueológicos inéditos de grande interesse para o estudo do cripto-judaísmo do centro de Portugal, nomeadamente a descoberta de um possível “Hekhal” que será o primeiro a ser descoberto no distrito de Santarém, e vários elementos etno-arqueológicos como a gravação da mão de Miriam numa das paredes da casa e outros elementos indiciadores da presença de cripto-Judeus. Pretende-se por último dar-se conhecimento do início de um projecto de investigação e inventariação sobre a presença das memórias Judaicas desta região, liderado por duas instituições de cariz cultural, a Associação Judaica Portuguesa e a Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica.
Nota Biográfica:
Nuno Ribeiro (Doutor em Arqueologia e História Antiga, Universidade de Salamanca e Presidente da APIA – Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica)
Pedro Turner (Presidente da AJuP – Associação Judaica Portuguesa)
Ana Turner (Investigadora – AJuP – Associação Judaica Portuguesa)